domingo, 28 de setembro de 2008

Bolas de Bilhar não Pensam por Conta Própria

Mais um trecho interessante do livro de Nassim Nicholas Taleb:

"(...) Pense na dificuldade na elaboração de previsões ... (que) pode ser ilustrada com o seguinte exercício simples, que trata da previsão dos movimentos de bolas de bilhar em uma mesa. Eu uso o exemplo da forma como foi computado pelo matemático Michael Berry. Se você conhecer um conjunto básico de parâmetros relativos à bola em repouso, puder computar a resistência da mesa ( o que é bastante elementar) e puder calcular a força do impacto, então é muito fácil prever o que aconteceria na primeira tacada. O segundo impacto torna-se mais complicado, porém possível; você precisaria ser mais cuidadoso em relação ao conhecimento dos estados iniciais, e é necessária uma precisão maior. O problema é que, para computar corretamente o nono impacto, você precisaria levar em conta a atração gravitacional de alguém que esteja de pé ao lado da mesa (...) E para computar o 56º impacto, cada partícula elementar do universo precisaria estar presente em suas pressuposições! Um elétron na borda do universo, a 10 bilhões de anos-luz de distância de nós, precisaria constar nos cálculos, pois exerce um efeito significativo no resultado. Agora considere o peso adicional da necessidade de se incorporar previsões sobre onde tais variáveis estarão no futuro. Prever o movimento de uma bola de bilhar em uma mesa de sinuca requer conhecimento da dinâmica de todo o universo, considerando cada átomo! Podemos prever facilmente os movimentos de objetos "grandes", mas entidades menores podem ser difíceis de decifrar - e elas existem em quantidade muito maior."


Observe que essa história da bola de bilhar presume que o mundo seja simples e claro como uma mesa de bilhar; ela nem mesmo leva em conta as loucas questões sociais possivelmente dotadas de livre-arbítrio.


Bolas de bilhar não pensam por conta própria!



[A Lógica do Cisne Negro - Nassim Nicholas Taleb - 2007]